El atraco final.
Após 5 temporadas, a série La Casa de Papel, da Netflix, chegou ao fim. Os fãs do mundo inteiro finalmente conheceram o desfecho do roubo ao Banco da Espanha, conduzido pelo grupo de assaltantes liderados pelo Professor (Álvaro Morte), personagem protagonista da produção espanhola.
Considerada uma das séries mais consagradas da Netflix, La Casa de Papel ocupou o posto de produção de idioma não-inglês mais assistida em 2018. O seriado veio a perder a colocação recentemente para Round 6, série sul-coreana que deve ganhar uma nova temporada.
A febre mundial dos assaltantes se estendeu a roupas, hits e memes na internet. Pessoas de toda a parte do mundo ostentaram máscaras de Salvador Dalí e vestiram os famigerados macacões vermelhos.
A música Bella Ciao, hino antifascista italiano da Segunda Guerra Mundial tocado na série, foi adaptada a vários estilos – do samba à música eletrônica, do funk ao rock. Já frases icônicas, como “que comece o matriarcado”, invadiram os submundos das redes sociais e viraram verdadeiros hits do entretenimento de lá para cá.
Um sucesso estrondoso.
Korean Professor
Um remake asiático está para sair. Neste mês, a Netflix lançou um teaser da versão coreana de La Casa de Papel, com atores que vão interpretar os famosos personagens com nomes de cidades.
Meet the cast of Money Heist: Korea – Joint Economic Area
Professor: Yoo Ji-tae
Seon Woojin: Kim Yunjin
Berlin: Park Hae-soo
Tokyo: Jun Jong-seo
Moscow: Lee Won-jong
Denver: Kim Ji-hun
Nairobi: Jang Yoon-ju
Rio: Lee Hyun-woo
Helsinki: Kim Ji-hoon
Oslo: Lee Kyu-ho pic.twitter.com/CxNiAmjDRa— Netflix (@netflix) January 17, 2022
Diante de tamanho sucesso destes anti-heróis contemporâneos, afinal de contas, quais são os ensinamentos deixados na série pelos assaltantes mais queridos do planeta? Mais do que isso, que lições de gestão de empresas podemos extrair da série da Netflix?
Para responder a estas perguntas, elaboramos abaixo uma lista com 5 principais lições que aprendemos com La Casa de Papel.
PS.: O texto a seguir pode conter alguns spoilers, mas nada grave. Garantimos.
PS.2: Não compactuamos com o crime. E você sabe: a série é uma ficção.
1 – Tenha um propósito
A primeira lição que a trama nos oferece é bem traduzida pelo Círculo Dourado, de Simon Sinek. A lógica do modelo se resume a 3 círculos: o maior representa o que; dentro do primeiro, o segundo representa o como; por fim, no núcleo de todos, está o porquê. Conforme o autor, o caminho a ser seguido deve ser iniciado de dentro para fora – do propósito de vender um produto, um serviço ou, em La Casa de Papel, do plano audacioso de um assalto a uma verdadeira fábrica de dinheiro.
Na série, embora não explique de forma linear, a ideia de realizar um grande roubo começa por um porquê. O personagem Sergio Marquina, o Professor, era filho de um ladrão, Jesús Marquina. Seu pai era o autor da ideia de um grande roubo à Casa da Moeda, na Espanha. Contudo, em um dos assaltos, é morto antes mesmo de colocá-la em prática.
O Professor então assume o projeto criminoso idealizado pelo pai como um grande propósito de vida. O objetivo era claro: honrar o sonho audacioso do pai e realizar uma verdadeira obra-prima do crime.
“Quando começamos, não tínhamos nem ideia de como nos chamávamos, mas sabíamos quais eram os nossos sonhos.” – Tokyo (Úrsula Corberó), uma das personagens principais da série
Na venda da ideia para os envolvidos no crime, profissionais do ramo com distintas habilidades, o Professor tinha tamanha convicção em seu propósito e na solidez de seu planejamento que foi capaz de convencer a todos de que, sim, aquele projeto seria um divisor de águas na vida de todos. No plano ético, foi capaz de persuadir a todos com a ideia de que, ao produzir o próprio dinheiro na Casa da Moeda, não seria cometido um roubo propriamente dito. Um verdadeiro rei da persuasão.
Propósito, valores e princípios em comum.
Estes eram os primeiros elencos buscados pelo Professor para sustentar as estratégias de seu grande plano.
2 – Planejamento é a chave da execução
Já imaginou se todos os criminosos simplesmente se reunissem e, em pouco tempo de discussão, partissem para a Casa da Moeda?
O fracasso seria inevitável.
Assim devemos planejar o nosso trabalho. Uma frase que resume esse ensinamento foi proferida pelo 16º presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln: “Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado.”
Ora, quem acompanhou sabe: o Professor de La Casa de Papel passou anos afiando seu machado. Um bom planejamento é a chave de uma boa execução.
Como um verdadeiro Project Manager (PM), em linha com as áreas de conhecimento do PMBOK (Project Management Body of Knowledge), o personagem continha mapeados no planejamento dos seus projetos de assalto:
• Escopo o crime
• Tempo de execução
• Custos de operação
• Controle da qualidade
• Gestão de recursos humanos
• Comunicação com envolvidos e stakeholders (polícia)
• Mapeamento de riscos
Na trama, o planejamento do assalto inclui todas variáveis de possibilidade, situações entre polícia e reféns, materiais necessários para execução do plano e o que fazer com desvios do projeto.
A propósito, esta é uma das marcas do planejamento do Professor.
Sempre havia um plano B, C, D, E… Todos estudados meticulosamente pelo time meses antes da execução. Nada poderia passar pelo rigoroso controle da qualidade (do crime, é claro).
“Tem gente que estuda anos para ganhar um salário de m… A gente só vai estudar cinco meses.” – Professor, protagonista de La Casa de Papel
3 – Mais do que mapear, é preciso prevenir riscos
“Como no xadrez, existem situações em que para ganhar é necessário sacrificar uma peça” – Tokyo, uma das principais geradoras de riscos na série
Em La Casa de Papel, podemos dividir dois tipos principais de riscos: riscos inerentes e riscos adquiridos.
Como o próprio nome explica, os riscos inerentes provêm do próprio processo, neste caso dos assaltos à Casa da Moeda e ao Banco da Espanha.
Já os riscos adquiridos decorrem de falhas ou situações não previstas. Como toda ficção, certamente estes são os mais comuns ao longo da série.
O gerenciamento de riscos em uma empresa não é diferente. Para tanto, é preciso classificar e graduar os impactos de cada risco identificado.
A graduação do impacto é feita pela estimativa da gravidade e grau de dano em caso de concretização do risco em evento. O grau de impacto do risco é o primeiro elemento a definir a posição do risco na Matriz de Riscos de cada processo.
E qual é a diferença de riscos e fatores de riscos?
Risco é o que se deseja evitar. Por exemplo, que uma brecha no plano do Professor exponha uma fragilidade (e foram várias na série) do processo.
Fatores de riscos são situações que aumentam a probabilidade de que o risco aconteça. Em muitas ocasiões, o envolvimento afetivo e a tomada de decisão baseada em emoções fizeram os personagens saírem do planejamento principal, criando fatores de riscos.
Há que observar que nem sempre a ocorrência de um fator de risco resulta na materialidade do risco.
Nas palavras de William Deming, no livro O Método Deming de Administração: Nível do Risco = Impacto de sua ocorrência + Probabilidade de sua ocorrência
Uma vez identificados estes fatores, devem ser elencadas práticas para bloquear sua materialização. Caso ocorram, é preciso ter planos de continuidade. E em La Casa de Papel foram muitos!
Nomeadamente, foram estes 11 planos desencadeados após situações de risco: Plano Cavalo de Troia, Plano B, Plano Valência, Plano Chernobyl, Plano Banco da Espanha, Estratégia Aikido, Jacques-Yves Cousteau, Pequenas Férias, Plano Alcatraz, Plano Hamelin e Plano Paris.
4 – Conheça seus stakeholders e concorrentes
Até então, não havia líder de guerra maior do que Sun Tzu, general militar chinês que viveu entre 544 a.C. e 496 a.C.
A filosofia criada por ele para se tornar um grande líder repercute no trabalho, na gestão e na própria vida. Um dos seus principais conselhos foi:
“Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda.”
No âmbito da gestão, poderíamos interpretar a frase como “conheça seus stakeholders e concorrentes”.
Em La Casa de Papel não é por menos.
Antes do convite aos assaltantes, o Professor estudou meticulosamente quem seriam seus parceiros de empreitada, suas virtudes e suas fraquezas, suas habilidades e suas deficiências. Mais do que isso, também teve um profundo conhecimento dos processos internos dos principais concorrentes: a Casa da Moeda, o Banco da Espanha e, é claro, o aparato policial espanhol.
Esse profundo conhecimento se origina em uma extensa análise de processos. Conforme a última versão do BPM CBOK, no conjunto de disciplinas BPM – Business Process Management, se configura como a fase de estabelecer mudanças na arquitetura empresarial, uma das principais fases do ciclo de vida de gestão por processos.
Esta etapa deve conter:
- Definição do processo
- Atividades detalhadas
- Pessoas envolvidas
- Etapas documentadas
Algumas análises que o Professor pode ter aplicado para estudar seus concorrentes:
Observação direta: Observar a execução de um processo in loco, seja o transporte de dinheiro ou a rotina da segurança dos edifícios.
Simulação de atividades antes do roubo:
• Individualmente: observar entradas, saídas e regras de negócio que governam o comportamento.
• Em grupo: em uma sala, pessoas discutem o que é feito, como são gerenciadas as ações, o que será produzido e quanto tempo levará. Disponibilize a todos um modelo do processo (AS IS).
• Em vídeo: Gravar um vídeo do trabalho em grupo para que nada passe batido. Envolver participantes reais do processo.
Análise de layout de local de trabalho: Workflow e movimentação de materiais e recursos. Na série, os criminosos dispunham até de uma maquete da Casa da Moeda.
Análise de alocação de recursos: Como os ativos de uma empresa são usados em um processo. Foco nos recursos necessários para concluir um processo. Leva em consideração a competência das pessoas e as habilidades nas ferramentas e sistemas para atender ao processo.
Critérios de análise:
• Capacidade dos recursos: O que o recurso é capaz de realizar.
• Quantidade de recursos: Análise para identificar se os recursos estão restritos.
• Recursos: análise de especificações de equipamentos para o processo.
• Recursos humanos: se estão dominando o processo ou se tornando gargalos.
5 – Planeje, execute e garanta o retorno do investimento
O último aprendizado fica nas entrelinhas do seriado.
Para executar o primeiro assalto, foi necessário planejar o tempo de retorno do investimento, analisar detalhadamente a viabilidade do mesmo e calcular o payback para todas as partes interessadas.
O primeiro ponto a considerar é que o processo não inicia quando o assalto efetivamente começa. Nesse sentido, o cálculo de tempo despendido previamente para organizar, planejar e estudar os detalhes devem fazer parte do projeto. Da mesma forma qual será a recuperação de dinheiro após a conclusão do processo.
Em La Casa de Papel, o retorno do investimento era um divisor de águas na vida dos personagens. Eles se reuniram oficialmente em uma casa no campo, no interior da Espanha, para mergulhar no mar de detalhes do plano.
Com o processo efetivado, literalmente viveriam a partir dali ser ter maiores preocupações – exceto serem pegos pela polícia.
O plano foi bem-sucedido, pero no mucho. No planejamento inicial, os criminosos esperavam roubar 2,45 bilhões de euros da Casa da Moeda. Ao final, conseguiram imprimir 984 milhões de euros, menos da metade do valor projetado.
Conclusão
A ficção pode nos oferecer lições para além do imaginado. Para além do fenômeno midiático global, La Casa de Papel nos oferece ensinamentos que podemos aplicar no âmbito da gestão – do propósito ao planejamento estratégico, da gestão de riscos ao gerenciamento de projetos, da análise de processos ao retorno do investimento.
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